Na última quarta-feira (24), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sancionou a lei que obriga o TikTok, comandado pela big tech chinesa ByteDance, a ser vendido para um comprador americano. De acordo com o projeto aprovado, a companhia da China terá 270 dias para vender a rede social, caso contrário, será banida das lojas de aplicativos e servidores do país norte-americano.
Com prazo de validade até meados de janeiro de 2025, podendo se estender por 90 dias adicionais caso a venda esteja em andamento, muitos criadores de conteúdo que tem o TikTok como principal fonte de renda se mostraram preocupados com a medida. Segundo pesquisa realizada no Brasil pela agência especializada em marketing de influência, Influency.me, a rede social foi eleita a melhor pelos creators, quando o assunto é modelo de monetização. 27% dos 300 entrevistados afirmaram que o aplicativo é o que oferece mais retorno financeiro dentre todos.
Em um primeiro momento, a lei não afeta os produtores de conteúdo do Brasil, mas como ficam os norte-americanos? O especialista em marketing de influência com mais de 10 anos de experiência no mercado, Fabio Gonçalves, Diretor de Talentos Internacionais da Viral Nation, agência canadense que gerencia carreiras de influenciadores, esclareceu o assunto.
“Primeiramente, é importante ressaltar que como todo processo legislativo, este é um caso complexo e pode levar tempo. Qualquer tentativa de banir o TikTok nos Estados Unidos enfrentaria desafios legais com base na Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão. Os tribunais podem julgar que proibir o uso de um aplicativo de mídia social viola esses direitos fundamentais”, pondera.
“No entanto, se a medida de banimento do app realmente entrar em vigor, isso terá um impacto significativo na carreira dos influenciadores digitais que dependem da plataforma. De acordo com nossos dados internos, aproximadamente 70% dos creators que trabalhamos têm o TikTok como uma parte essencial de sua estratégia de conteúdo e monetização. Quem também sofreria bastante com a medida seriam as pequenas e médias empresas. Principalmente, as que usam os creators como principal fonte de marketing e vendas, com produtos como o Live Shopping Ads, do TikTok. Portanto, afetaria não só os creators, mas as PME’s também”, continua.
Na opinião do profissional, a ausência do app pode impactar severamente nos ganhos financeiros dos criadores, já que muitos deles obtêm receita por meio de parcerias de marca, patrocínios e colaborações promovidas no TikTok. A fim de reduzir os danos desta perda, o especialista afirma que os influenciadores precisarão investir seu conteúdo em outras plataformas e estratégias de monetização, expandindo sua presença em outras redes, como Instagram, Youtube e até mesmo Facebook, mas também explorando novas oportunidades de renda, como a criação de produtos próprios ou prestação de serviços de consultoria.
Apesar de terem outros caminhos a se seguir como alternativas, Fabio acredita que o desafio para os influenciadores seria grande nesta transição. Isso porque, embora existam possibilidades, como o Instagram e Youtube, cada uma tem suas próprias nuances e exigências de conteúdo. Sendo assim, a mudança de público e algoritmos pode levar tempo e esforço para adaptação.
Como a medida pode afetar o mercado brasileiro de marketing de influência?
Outra dúvida que surgiu é a de como a lei, caso entre em vigor, pode afetar os criadores que produzem conteúdo no Brasil. Segundo o Diretor da Viral Nation, o impacto do banimento do aplicativo nos EUA seria sentido não só em território brasileiro, mas no mundo inteiro, até mesmo se a mídia social for vendida para outra empresa americana, conforme recomenda a nova legislação.
“O Brasil possui uma comunidade de influenciadores digitalmente vibrante e crescente, e muitos deles também utilizam o TikTok como uma plataforma-chave para se conectarem com seu público e impulsionarem suas estratégias de monetização. Se o TikTok fosse banido nos EUA, isso poderia levar a uma série de efeitos colaterais que se estenderiam além das fronteiras do país. Por um lado, os influenciadores brasileiros que têm seguidores nos EUA poderiam ver uma diminuição em seu alcance e engajamento, afetando potencialmente suas oportunidades de colaboração com marcas globais. Se fosse para resumir a situação em uma palavra seria incerteza, porque mesmo se acontecer a venda para uma empresa americana, mesmo assim o processo de monetização pode mudar drasticamente. Isso porque o comprador poderá concordar ou não com as políticas atuais da empresa por ter uma visão diferente de mercado e de como comandar o negócio”, explica.
“Além disso, a perda do TikTok como uma plataforma de conteúdo e monetização poderia levar os influenciadores brasileiros a buscar alternativas, como o Instagram, YouTube e outras plataformas de mídia social. Isso poderia gerar uma competição ainda maior nessas plataformas e forçar os influenciadores a adaptarem suas estratégias para se destacarem em um ambiente mais saturado”, acrescenta”.
Apesar do impacto negativo, Fabio finaliza ponderando que, por outro lado, poderiam surgir oportunidades emergentes à medida que os influenciadores buscam diversificar seu conteúdo. Dessa forma, existe a chance de novas plataformas de mídia social surgirem para preencher o vazio deixado pelo TikTok, oferecendo novas oportunidades para os creators alcançarem e se envolverem com seu público.
Foto: Cottonbro studio/Pexels
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