10 dicas imperdíveis para fazer um bom planejamento financeiro

Especialista em finanças pessoais dá orientações para pessoas que desejam começar a organizar suas finanças

Desenvolver um plano financeiro sólido pode ser desafiador, mas é crucial para quem busca organizar de verdade suas finanças pessoais. Este processo permite entender claramente as entradas e saídas de dinheiro mensais, facilitando um controle eficaz. Além disso, ajuda a criar uma reserva financeira e até mesmo a investir, se houver algum dinheiro sobrando.

Segundo o especialista em finanças pessoais, João Victorino, o planejamento financeiro é uma ferramenta essencial para que as pessoas organizem suas finanças de forma mais eficiente. Ele consiste em um conjunto de estratégias que visam preservar a saúde financeira dos indivíduos, garantindo a capacidade de atender às necessidades diárias e alcançar objetivos e sonhos de médio e longo prazo. Para tanto, disciplina, paciência e resiliência são fundamentais.

Embora pareça simples, João diz que é uma tarefa complexa que exige comprometimento. “Um planejamento financeiro bem elaborado, que considere tanto as demandas imediatas quanto as futuras, atua como um guia para prevenir o escoamento dos recursos com gastos desnecessários. Além disso, é fundamental para a conquista da independência financeira, trazendo consigo uma melhoria significativa no bem-estar e na qualidade de vida”, esclarece.

Por outro lado, dentre os principais motivos que levam as pessoas a não conseguirem fazer um planejamento, o especialista destaca a falta de conhecimento sobre o assunto, a falta de tempo e a falta de apoio e adesão da família. Para superar esse desafio, algumas práticas são recomendadas, com base na neurociência:

  • Aceitar que não sabemos tudo, e nem saberemos, ou seja, nunca estamos prontos. Comece assim mesmo!
  • Separar um tempo para fazer isso (sem nenhuma interrupção), afastado de tudo, e com foco 100% no seu planejamento. 
  • Criar algum alerta na sua rotina mensal para verificar seu planejamento com certa frequência. 

Sobre a efetividade das práticas acima mencionadas: “Me parece que muitas pessoas têm dificuldade de aceitar uma realidade: muitos de nós somos procrastinadores. Adoramos deixar as coisas para depois e só fazemos nossa obrigação na última hora, com alguma pressão sobre nós para terminar a tarefa. É duro aceitar, mas essa realidade é natural, e vejo muito”, afirma João.

O planejamento financeiro é um processo composto por diversas etapas e pode ser adaptado de acordo com as necessidades individuais. O especialista destaca que é fundamental, antes de tudo, definir os objetivos financeiros, que podem variar desde metas de curto prazo, como economizar para uma viagem, até objetivos de longo prazo, como garantir uma aposentadoria tranquila. Além disso, é essencial avaliar a situação financeira atual, incluindo receitas, despesas, dívidas e investimentos, para obter uma compreensão clara da situação financeira presente.

Esse é o primeiro passo antes de colocar a teoria em prática. “Tendo noção da sua situação, é possível desenvolver um plano de ação, que pode incluir a criação de um orçamento, estratégias para reduzir dívidas, planos de investimento e medidas para aumentar sua renda. Depois disso, é importante implementar o plano, o que exige disciplina e ajustes em seus hábitos de consumo. Por fim, vem o monitoramento e a reavaliação. Afinal, o planejamento financeiro é um processo contínuo. Seu plano deve ser revisado e ajustado regularmente para refletir mudanças em sua situação financeira ou em seus objetivos”, explica João.

Neste sentido, o especialista elencou 10 dicas para ajudar pessoas que desejam aprender a fazer um bom planejamento financeiro:

  1. Entender suas finanças atuais: antes de fazer qualquer mudança, é essencial entender para onde está indo seu dinheiro, ou seja, acompanhar receitas e despesas. Ferramentas de orçamento, como planilhas ou simplesmente um caderninho podem ajudar a visualizar isso.
  2. Estabelecer orçamento: com base na sua renda e nas suas despesas, crie um orçamento que reflita seus objetivos financeiros, como economizar uma certa quantia por mês.
  3. Criar um fundo de emergência: um passo crucial na organização financeira é construir, gradativamente, um fundo de emergência. Aquele dinheiro que fica guardado para situações inesperadas, como perda de emprego ou despesas médicas. Automatizar os depósitos no seu fundo da reserva de emergência, por exemplo, pode ser interessante. 
  4. Cortar despesas desnecessárias: revise suas despesas e veja onde você pode cortar sem comprometer seu bem-estar. Isso pode incluir gastos com entretenimento, assinaturas não utilizadas ou despesas com jantares fora. No entanto, é importante fazer cortes ponderados, para não se sentir privado e desistir.
  5. Estabelecer metas que façam sentido para você: metas financeiras devem ser claras, significativas e pessoalmente motivadoras. Pessoas são mais propensas a economizar e gerenciar bem seu dinheiro quando suas metas financeiras estão alinhadas com seus valores e aspirações pessoais. Considere dividir seus objetivos em metas menores, isso vai dar a possibilidade de você conquistar várias pequenas vitórias consecutivas, te incentivando a alcançar os grandes objetivos.
  6. Revisar e ajustar regularmente: sua situação financeira pode mudar, assim como seus objetivos. Por isso, é importante revisar regularmente seu orçamento e ajustá-lo conforme necessário.
  7. Buscar conhecimento: aprender mais (não somente a respeito de finanças pessoais), é primordial. Quanto mais você souber, melhor será capaz de tomar suas próprias decisões sobre seu dinheiro. A curiosidade é um forte diferencial.
  8. Conhecer seus hábitos de consumo: o que você leva em conta na hora de realizar uma compra? Satisfazer necessidades básicas ou impressionar outras pessoas? Você busca um pouco de conforto, mas com moderação? Você tem uma visão de longo prazo para suas prioridades? É preciso definir o que você quer.
  9. Necessidades versus Desejos: cortes drásticos podem levar a um sentimento de privação, o que, por sua vez, pode fazer com que você desista dos esforços de organização financeira.
  10. Não tenha pressa: comece devagar, fazendo ajustes pequenos e sustentáveis que não farão você sentir que está se sacrificando excessivamente. Celebrar pequenas vitórias ao longo do caminho também pode ajudar a manter a motivação.

João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais, formado em Administração de Empresas, tem MBA pela FIA-USP e Especialização em Marketing pela São Paulo Business School.

Foto: Dany Kurniawan/Pexels